O Topázio é um mineral que encanta os admiradores de gemas e joias há muitos séculos. Antigamente, todas as gemas com coloração amarelada, esverdeada ou marrom eram chamadas de Topázio. Até, aproximadamente, na década de 70 do século passado, digo, há uns 50 anos atrás, era comum chamarmos os Citrinos de Topázio Citrino. Já o Topázio propriamente dito era chamado de Topázio Precioso. Como a tecnologia, assim como a gemologia caminharam rapidamente nesses últimos anos, ficou acordado entre as grandes entidades gemológicas internacionais, a partir do início dos anos 80, que a denominação “Topázio” somente caberia àqueles minerais de composição química básica Al2 (F,OH)2 (SiO4) – flúor silicato de alumínio. Suas cores podem variar entre o incolor, azulado e também passando pelos diversos tons de amarelo (golden) para atingir o tom alaranjado. A partir dessa tonalidade (alaranjado) o mineral começa a ser mais raro e , consequentemente, mais valioso no mercado joalheiro. As tonalidades de alaranjado rosado (peach – pêssego) vão se impregnado de rosa até atingir o tom avermelhado (cherry) que são consideradas a melhor qualidade do Topázio Imperial e podem alcançar a cifras bem altas no mercado joalheiro internacional, dependendo do seu tamanho (peso), cor e pureza.
O Topázio incolor não tem expressão no mercado joalheiro atual. Porém, nos meados do século XVII, na Europa e no Leste Europeu, onde as diferenças sociais eram bastante evidentes e cruéis, os menos afortunados não podiam se darem ao luxo de ostentar uma joia de diamante ou com qualquer outra pedra preciosa. Nesta época os artesãos populares confeccionavam peças com prata ou latão adornado por minúsculos fragmentos de minério de ferro lapidados como se fossem pequenas pedras preciosas que reluziam ao contraste da iluminação das tochas e candelabros. Essas são as conhecidas marcassitas, que até os dias atuais enfeitam as bijuterias espalhadas pelo mundo. Já o Topázio incolor, por sua dureza 8 na escala de Mohs, ser mais alta do que a maioria das outras imitações de gemas, comparativamente, como o vidro por exemplo e, por este motivo serem mais duráveis e terem maior dificuldade de serem riscadas ou perderem seu brilho, os artesãos confeccionavam joias em prata ou até mesmo em ouro, adornados por pequenas safiras incolores e um Topázio incolor como pedra central, imitando o diamante. Temos um exemplo clássico da grande semelhança desta gema com o diamante, perante os olhos de profissionais pouco treinados, que é caso do Topázio Braganza. Esta é uma gema de 1640 quilates cravado em coroa portuguesa que se passou por ser um diamante de alta qualidade e valor, por muitos séculos.
Hoje em dia, os incolores são utilizados, principalmente, na produção do Topázio Azul. Embora este mineral na cor azulada seja encontrado na natureza, uma vez que desenvolvido o método de coloração de gemas através da irradiação de raios gama (inofensivo aos humanos) onde o custo do processo é muito mais atrativo do que o investimento de risco para prospecção e extração dos naturais, os topázios incolores são irradiados em grande quantidade e se transformam em uma cor amarronzada que sequentemente é submetida ao processo de aquecimento e se torna azul. Dependendo da técnica e do tempo de exposição ao processo de irradiação, pode-se obter diversas tonalidades de azul onde o mercado os denomina de Sky Blue, Swiss Blue, London Blue e assim por diante.
Reza a lenda que foi nos Urais, o local das primeiras jazidas de topázio, exauridas durante o período Czarista, que se aplicou a nomenclatura de Topázio Imperial. Dizem que um dos Czares que reinou durante o auge da extração de topázios daquela região, era fascinado pelas gemas de coloração que variassem entre o alaranjado e o rosado. Logo ele determinou que todas as gemas que fossem extraídas nessa gama de cor, deveriam ser entregues ao Império, sob pena de morte se não fosse obedecido. Assim correu a notícia de que os topázios de cores diferentes de incolor, azuis, esverdeados ou amarelados seriam topázios do Império ou, Topázios Imperiais.
Conforme o tempo foi passando, a lenda foi se espalhando pelos 4 continentes e virou uma nomenclatura popular e automática onde os Topázios Imperiais eram os que variavam da coloração de amarelada à rosada. Hoje, as entidades gemológicas internacionais ainda debatem sobre a correta definição da coloração do Topázio Imperial. Uma corrente de gemólogos e produtores é favorável ao mito popular, onde todos os de tonalidades amarelado à rosados/avermelhados sejam classificados como Imperiais. Já outra corrente, mais ortodoxa, é inclinada a definir de Imperiais, apenas os de tonalidades alaranjadas à rosadas / avermelhadas, classificando os amarelados de Topázios Dourados ou Golden Topaz. Embora esta pequena divergência de opiniões não pareça muito significativa para o mercado, já tem rendido inúmeras ações judiciais indenizatórias nos Estados Unidos e Europa, onde os autores das respectivas ações alegam terem sido enganados pelas joalherias que lhes venderam joias adornadas com Topázios Dourados ao invés de Imperiais. Inclusive aqui no Brasil já houve mais do que uma ação com esta demanda. Acreditem se quiserem!!!!
O Brasil é considerado como sendo o maior produtor de Topázio Imperial no Mundo. As nossas jazidas localizadas nas regiões de Ouro Preto (MG), Mariana e adjacências são fornecedoras dos mais belos e preciosos topázios de coloração variando entre o amarelado ao avermelhado, desde a época do Império (circa 1750). Com isso, de forma fantasiosa, os produtores brasileiros, desde o início do século XX, pregam que o título de Topázio Imperial de deu pelo fato deste mineral gema ser extraído apenas na cidade Imperial de Ouro Preto. Porém, existem nesta afirmação dois equívocos graves. O primeiro é que o Brasil não é o único produtor deste tipo de gema e sim, o principal ou talvez, o maior em escala comercial. Não podemos ignorar as regiões do Sri Lanka, de Burma e a Rússia como, também, produtores deste magnífico mineral. O segundo equívoco é que a cidade de Ouro Preto jamais ostentou o título de Cidade Imperial. Embora D. Pedro possuísse uma estância na região, o que rendeu o nome à cidade foi a grande presença de minério de ferro que, na época, era considerada tão importante para o desenvolvimento industrial que associaram o minério negro, de ferro, ao ouro.
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