Quem nunca ouviu uma história sobre sheiks, califas, sultões, reis e rainhas que tinham em seu acervo poderosas joias adornadas por magníficos rubis? Desde antes do nascimento de Cristo, esta gema de cor vermelha apresentada em diversas nuances, acelerava corações dos representantes dos mais poderosos clãs do oriente.

Por ser considerada uma das gemas mais raras e mais caras, dentre todas as outras, o rubi sempre despertou fascínio por aqueles que detinham grande poder econômico e político, independentemente de sua latitude ou longitude de origem ou raça. Devido a tal fato, contrapartida, também despertou interesse naqueles que tinham planos menos árduos e não muito ortodoxos de conseguirem uma situação financeira momentânea mais confortável. Temos notícias em diversas literaturas que o vidro, o espinel e a granada já eram utilizados durante a idade Média, para enganar os monarcas desprovidos de boa assessoria técnica (alquimistas) que pudessem diferenciar o rubi de outras pedras preciosas de cor similar. Devido a esta prática recorrente, os nobres somente adquiriam suas joias de artesãos de grande reputação ou sob recomendação de outros de sua confiança. Era uma espécie de garantia para não comprar “gato por lebre” e, da mesma forma, ter a cabeça daquele que o recomendou, próxima de sua guilhotina!

Com o passar dos anos os dealers (comerciantes) e os artesãos foram se aprimorando na técnica de se garantirem na compra de pedras genuínas e assim, as imitações foram caindo em desuso. Até o momento em que – um dos mais importantes e dignos episódios de serem comentados na história da gemologia moderna – no final do século XIX, um francês – Auguste Verneuil – conseguiu a inédita façanha de criar o primeiro rubi em laboratório (sintético). Este fato chocou e confundiu a mente e os negócios daqueles que se sentiam capazes de separar o “joio do trigo”, até então. Foi uma verdadeira revolução e sensação de insegurança no mercado joalheiro internacional. Tal fato chegou a abalar os monarcas mais poderosos do Mundo, à época. Daí, desta insegurança, foi que a rainha Victória (Grã Bretanha – 1819 – 1901) intimou que fosse formada uma junta de alquimistas e experientes artesãos joalheiros para verificarem todo o acervo de joias da Coroa. Então surgiu o segundo episódio pitoresco da gemologia moderna – O Rubi Príncipe Negro” – que compunha a coroa da rainha, era na verdade um espinel vermelho. Um daqueles utilizados na Idade Média para ludibriar os nobres.

Nuances de cores do Rubis

Nuances de cores do Rubis

Desta época em diante, tivemos uma evolução assombrosa no que diz respeito a metodologias de fabricação de rubis em laboratório (sintéticos) além de inúmeras técnicas de tratamento que podem mascarar a cor e a pureza das gemas e, principalmente, do rubi. Os laboratórios gemológicos de grande porte investem US$ milhões por ano em aparelhos de alta complexidade técnica, com o objetivo de tentarem identificar e poder separar os rubis genuínos dos sintéticos e também, daqueles que são impregnados de tratamentos para mascarar sua cor e pureza.

Podemos dizer que as principais incidências de rubis estão localizadas em Myanmar (antiga Burma), Madagascar, Thailandia, Sri Lanka, Tanzânia e Moçambique. Embora existam outros países produtores, como o Brasil por exemplo, eles não se destacam em qualidade e quantidade suficiente para serem citados como produtores de rubis capazes de suprirem o mercado joalheiro local e, principalmente, o internacional.

Os preços desta magnífica gema variam bastante de acordo com o tamanho, a intensidade de cor, o grau de pureza e, principalmente, se sofreu algum tipo de tratamento de calor para melhorar sua transparência. As não tratadas por calor atingem preços mais significativos. Dependendo do tamanho da gema, após lapidada, seu preço pode variar bastante. Gemas acima de 1ct (um quilate) podem variar entre US$ 800 à US$ 100,000 por quilate, dependendo da sua cor, pureza e origem.

Rubis

Rubi

É muito comum encontrarmos ofertas de rubis de tamanhos expressivos com cor e pureza de chamar a atenção de qualquer mortal, por preços módicos. Como já mencionei lá no início, os rubis são gemas muito caras, quando naturais. Mas o público, devido ao não conhecimento dos fatos, se deixam enganar da mesma forma como os nobres foram enganados na idade Média. Por isso, vamos demonstrar algumas alterações que são produzidas nos rubis para barateá-los e transformá-los em “lindas” pedras capazes de atrair a atenção dos consumidores mais distraídos.

Além dos sintéticos (produzidos em laboratório), denominados pelos comerciantes de “rubi fusion” que por razões óbvias (financeiras) se apresentam sob cor e brilho incontestáveis, também é muito comum encontrarmos em joalherias e no E-commerce, joias compostas por rubis com demasiado tratamento de preenchimento de fraturas com vidro vermelho. Este tipo de tratamento, não aceito pelo mercado de gemas, é denominado de lead glass filled, ou seja, preenchimento de fraturas através de vidro composto por óxido de chumbo. Através deste procedimento, podemos transformar um mineral desprovido de beleza natural (cor e pureza) em algo belo e chamativo, porém com o preço relativo a sua qualidade original, ou seja, insignificante.

O perigo em adquirir rubis com este tipo de tratamento é que o sistema é muito instável quando submetido ao calor ou ácidos que, inevitavelmente, fazem parte do sistema produtivo da ourivesaria (fabricação de joias). A necessidade de uma simples solda ou um banho de ródio irá danificar, permanentemente, a pedra tratada.

Rubis - Antes do calor

Rubis – Antes do calor

 

Rubis - Após do calor

Rubis – Após do calor

Atualmente, as entidades gemológicas internacionais renomadas que regulamentam as atividades gemológicas no Mundo, estão sugerindo que os laboratórios internacionais que emitem certificados de identificação de gemas, não denominar estas gemas que apresentam tratamentos de fraturas por lead glass filled, de rubis. Sugerem denomina-las em seus certificados gemolócicos ou de autenticidade de “Corindom Composto por Vidro” . Pelo simples fato delas não preencherem as prerrogativas de raridade e beleza natural que são essenciais nos minerais, para serem denominadas de gemas.

Confira também o nosso artigo “Rubi“, já disponível aqui em nosso blog.

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