O design de joias em todo o mundo sofreu um enorme período de transição entre as duas últimas décadas do século XX e a virada do século XXI. Esta fase foi considerada pelo mercado uma época morna e também muito tímida no que diz respeito à criatividade de joias e que durou quase vinte anos.
A euforia de estarmos entrando em um novo século foi muito benéfico para o setor no que diz respeito à ousadia e criatividade. As ferramentas, com o auxílio da tecnologia, tiveram uma melhora bastante significativa e a internet, transbordando de informações inéditas no campo artístico, conseguiu linkar os cinco continentes em tempo real. Acredito que isso mexeu muito com a cabeça das pessoas e, principalmente, com a dos artistas e designers. A partir de 2001 foram criados inúmeros eventos e movimentos pró design. O Brasil sendo um grande produtor de gemas coloridas e possuidor de uma grande diversidade cultural de norte a sul do país, foi um dos grandes beneficiados com toda esta campanha internacional. Estas diferenças de clima, cultura e biodiversidade flagrantes nas cinco regiões brasileiras, remete a um inesgotável silo de inspirações para os designers.
As gemas de cor, brasileiras, como eram denominadas até o final do século XX, foram durante décadas muito apreciadas por grande maioria dos joalheiros internacionais como Bvlgari, Van Cleef & Arppels, Cartier, H. Stern, Amsterdam Sauer, dentre outros. As mais cotadas eram as águas-marinhas, topázios imperiais, turmalinas verdes e rosas, rubelitas e as esmeraldas. As nossas esmeraldas tinham uma certa procura devido ao fato de serem bem mais baratas do que as esmeraldas colombianas. Já nos meados da década de 1990, para balançar com as nossas pretensões, alguns países da África já apareciam, no mercado internacional, como grandes produtores de gemas coloridas. Devido a inúmeros fatores socioeconômicos e de políticas de importação, o Brasil começou a perder uma significativa fatia desse precioso mercado de gemas para os africanos. O principal motivo foi, e ainda é, o fator preço.
O Brasil vivia uma época forte do plano Real onde R$1,00 era equivalente a quase US$1,00. Já nos países africanos como Moçambique, Nigéria, Congo e Madagascar, por exemplo, a vida era muito simples e, relativamente muito barata em comparação com a do Brasil, no sentido de se medir o mínimo necessário para que um garimpeiro pudesse sobreviver. Para termos ideia, nesses países africanos se vivia, e ainda se vive, muito bem com, apenas, US$ 100 por mês.
Resumindo, valia muito mais a pena comprar gemas de excelente qualidade dos africanos do que pagar 300% a 400% a mais para adquiri-las aqui no Brasil. Então, a partir deste período começou a sobrar gemas coloridos no Brasil e um dos caminhos que o segmento extrativista encontrou foi incentivar o design de joias no país e utilizarmos a nossa matéria prima para equilibrarmos as perdas. Até então, o mercado de joias brasileiro comercializava, apenas, diamantes, rubis e safiras. Era chic! E as gemas coloridas eram cafonas! Eram consideradas pedras para gringos. Vejam vocês como as coisas mudaram!
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